Projeto: Boulevard Olímpico
Obra: –
Ano: 2018
Local: Próximo ao Armazém 7
@kajaman O carioca KajaMan (André Lourenço da Silva), nascido em 1976, no Estado do Rio de Janeiro é um dos principais agentes transformadores da Baixada Fluminense, e em 2018 acaba de fazer sua primeira incursão na moda, colaborando numa coleção cápsula de roupas e acessórios para a marca Redley. Para grafitar a fachada da loja, Kajaman usou um desenho inspirado em deuses egípcios e tribos africanas, com uma paleta de cores intensas que representa tribos, animais, tecidos e ancestralidades. Para a obra, o grafiteiro recebeu a curadoria do Ghetto Run Crew, grupo da zona norte carioca originalmente formado para promover corridas noturnas mas que ganhou corpo e agora ajuda na ocupação de espaços urbanos, troca de experiências e de subculturas. Kaja diz que a influência no graffiti foi por conta do skate e, do grafiteiro Fábio “Ema”, em sua fase de amadurecimento, diferenciou-se naturalmente pelo traço limpo e divertido que se transformou em sua marca pessoal. Hoje suas referências transitam no universo Afro-Latino e em formas orgânicas inspirados no universo sound system, a paixão por imagens vetoriais somadas a uma paleta de cores ilimitadas trazem um resultado com ar de abstração. “A rua é um universo muito grande, é para ser compartilhado, é minha galeria“. O artista, que começou a grafitar no final de 1999, via a pintura como um hobby. “Nunca mais parei. Só percebi que o grafite tinha virado profissão quando empresas começaram a me chamar para fazer painéis, dar aulas. Quando a ficha caiu, eu já estava trabalhando e virando um gerador de emprego, chamando pessoas para me ajudarem nas empreitadas”. É com base na sua própria história de vida que Kaja defende o graffiti como ferramenta de inclusão, capaz de mudar a história de jovens de comunidades carentes, como a que foi criado, a Vila Operária. Para ele, a cena do graffiti não se restringe a tinta e parede. Kajaman ainda atua como cenógrafo e designer onde utiliza para compor os seus trabalhos as mais diversas técnicas, indo desde plotters a instalações de materiais reciclados ou recriados conforme sua criatividade. A arte de Kajaman revela a interação da realidade que vivemos e não explicitamos, expõe um diálogo entre os nossos conceitos e as possíveis variáveis críticas, permite debruçar olhares fornecendo outras formas de reflexão. — O MOF (Meeting of Favela) O encontro começou a partir de uma ideia dos grafiteiros Kajaman e Carlos Bobi, inspirados no Meeting of Styles (MOS), evento de grafite que surgiu alguns anos antes na Alemanha, mas que permitia apenas a participação de artistas convidados. Em Caxias, seria diferente: qualquer um que quisesse era bem-vindo, não precisava nem saber pintar. O aspecto democrático do Meeting vai além do passe livre. Nos três dias de evento, os artistas se hospedam na casa de moradores e na escola municipal da Vila Operária. São os donos dos muros que decidem se o espaço pode ser pintado e podem opinar sobre o desenho. Quem olhava antes com desconfiança hoje fala com orgulho do evento, que irradia a partir de uma quadra, no alto do morro, por quase todos os becos e ruas da favela. Virou fonte de cultura, diversão e renda para muitos moradores. Por todos esses aspectos, únicos do MOF, o evento atrai a cada ano mais gente, dando uma aula de democracia e respeito.