A CÉU ABERTO | Maup Rio - Museu de Arte Urbana do Porto

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27 de maio de 2018

A CÉU ABERTO

O Globo

Caderno Ela

 

Museu de arte urbana do Porto mapeia e cataloga as principais intervenções realizadas na região

Desde 2011, os muros da Zona Portuária do Rio viraram telas para grandes nomes da arte urbana. Essa coleção, composta por cerca de 40 grafites de dimensões monumentais, inspirou a criação do Museu de Arte Urbana do Porto (Maup). O mapa com os primeiros murais catalogados estará disponível (em versão de bolso ou no celular) a partir do mês que vem, com o roteiro detalhado de dois circuitos que podem ser feitos a pé. Os mais recentes trabalhos a integrar o museu a céu aberto, ao longo da Avenida Rodrigues Alves, são os de Apolo e Érica Mizú, artistas paulistanos que vieram ao Rio a convite de Andre Engbrecht Bretas, curador do Maup.

– A idéia é fazer uma continuação do Boulevard Olímpico, que foi muito bombado durante os jogos Olímpicos Rio 2016 e precisa de um gás novo – diz o curador, um dos idealizadores da Art Rua. – Nos inspiramos em Wynwood, o bairro de Miami que foi revitalizado por meio da arte. O Porto também virou um grande polo, com museus, ateliês na antiga fábrica da Bhering e o enorme número de painéis. O museu do futuro é virtual e na rua.

E com uma lojinha de souvenir caprichada. O Maup Art Center, localizado no Aqwa Corporate, venderá artigos relacionados ao universo da arte de rua, como gravuras, moleskines e bicicletas elétricas. Projetado pelo arquiteto inglês Norman Foster, vencedor do Prêmio Pritzker de 1999, o prédio espelhado também será ponto de encontro para as visitas guiadas. Para quem não quiser andar muito, do hall é possível conferir o mural cor-de-rosa de Érica Mizú de um ângulo privilegiado, com a Baía de Guanabara ao fundo.

-Fiz uma estampa alegre e colorida com desenhos orgânicos que lembram as calçadas. Ao final do mural, escrevi uma parte da letra de uma música do meu namorado, Victor Mendes, feita em parceria com o poeta Paulo Nunes. Tem a ver com reconstrução e esperança que o bairro quer trazer. É como se o muro falasse além das formas – explica Érica.

Por sua vez, o painel de Apolo Torres fica no finalzinho do Boulevard Olímpico – que tem como destaque o ‘Etnias’, de Eduardo Kobra, aquele que entrou para o ‘Guinness’ como o maior grafite do mundo. Apolo passou dez dias imerso no painel de 250 metros de comprimento.

-Como o muro é muito comprido e não há um ponto em que dê para vê-lo por inteiro, quis criar uma narrativa tipicamente carioca. A historinha começa na praia, passa por uma loja de sucos, emenda em um bloco de carnaval, segue por uma roda de samba na Pedra do Sal e amanhece no botequim, com cafezinho servido no copo – detalha Apolo, empolgado com o primeiro museu de arte urbana do país. – É uma forma de celebrar uma cultura que está bem estabelecida, não só no Brasil, e que, de certa forma, propõe que as obras tenham um caráter mais definitivo.

Sim, a ideia é que os painéis mapeados pelo Maup permaneçam na paisagem carioca por um bom tempo.

-Mas a gente sabe que a arte urbana é efêmera, né? – lembra o curador do museu.

 

 

 

 


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